7.6.08

Une année avec lumière

Não viu As Virgen Suicidas, não leia.
__________________________________

Vez ou outra eu penso no fim trágico das cinco irmãs Lisbon, especialmente da Lux, femme fatale do clã. As razões para as mortes por overdose, enforcamento, intoxicação com gás de fogão e com monóxido de carbono saído do carro vão desde tristeza com a prisão imposta pelos pais até inspiração pelo suicídio anterior da irmã mais nova. No caso da Lux, tenho certeza, a GRANDE razão tem nome, sobrenome, carro esporte e se chama Trip Fontaine.

Não ligo se vou soar óbvia, mas ser abandonada em um campo de futebol logo após perder a virgindade é um tiro na alma de qualquer mulher com orgulho suficiente para não admitir ser usada. E Lux, no alto de seus 14 anos, surtou. Não suportou a dura realidade de ter sido apenas um cabacinho para tornar mais macho o ego de um filho da puta. Tudo bem, ela era muito nova para se aventurar em certos terrenos, mas afirmo que seria igual se tivesse 21. A morte, anunciada pela loucura repressora dos pais, foi só questão de tempo.

Temos, então, o filme (que eu, particularmente, adoro), o torpe fim de uma história que poderia acabar em superação, cabeça erguida e um vai tomar no cu, Trip. Mas o filme é preciso e sem isso não haveria carga dramática.


Se Jeffrey Eugenides e/ou Sofia Coppola eu fosse, tudo seria diferente.

Sim, eu juro que vejo Lux Lisbon, mais bela e ofuscante do que nunca e já livre da dominação dos pais, adentrando um outro baile ou festa da cidade. O ar de naughty virgin que lotava as fantasias dos meninos da vizinhança é coisa do baile passado, quem está ali agora é uma recém-mulher irresistível pela (in)experiência. Sim, só dá ela. Arrasa.

Eis que olhos azuis por trás de uma tímida expressão de cavalheiro adolescente são fisgados pelo irresistível. E eles dançam juntos entre a atração e a inveja que os perfuram. Ele é o primeiro a realmente amar (e a ser amado).
_____________________________

História clichê e com fim óbvio (especialmente a coisa do "realmente amar e ser amado"), mas quem disse que o tal "viveram felizes até o infinito enquanto durou" não pode render uma bela e poética história?

Nenhum comentário: