24.6.08

Feeling good!


FELIZ!!! Me controlando pra não gritaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar!!! O mundo é belo e pequenininho.

Motivo de tanta alegria? Só conto na sexta-feira.

17.6.08

Sr. Darkside

Metido a um canto da festa, o ex-namorado de Jaqueline - também conhecido como "corno-porque-quis", "cuzão-em-todas-as-línguas", "cafajeste-incurável" e outras alcunhas carinhosas dadas pela amiga da moça - se contorcia sem mover um músculo. Não acreditava no que via.

Ela beijando outro. Dando pro outro - se recusava a pensar no que nunca viu, mas sabia. Gozando com o pau do outro. Logo ela, que, em 4 anos, havia sido tão pura e fielmente dele. dele. Agora era do outro. E quiçá lembrava de tudo o que foi. E passou. Apagou como se apaga um rascunho de merda.

Esmagou a lata de cerveja como queria fazer com o outro. Se é vingança que ela tá fazendo, é vingança o que ela vai ter. Mas Jaqueline nunca foi vingativa. Agora sentiu a excitação dela com um beijo molhado no pescoço como um chute no saco.

Não merecia. Ora, a outra não foi nada, só outra outra, que o largou três meses depois de Jaqueline a conhecer na cama dele. Era só uma bunda, uma jogada de cabelo que dava tesão e gemidos altos. isso. Então por que Jaqueline não queria mais?

Agora não havia mais outra no caminho. Ele estava lá, sem mulher, na merda. Sacanagem dela, nunca ia imaginar isso. Ela sempre esteve no papo. Outro.

Olhou pro lado e foi em cima da mulher mais feia da festa. Agora ela vai ver.

Mas ela nunca beijou de olhos abertos.
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A foto é uma cena do clipe de Mr. Brightside, do The Killers, e o título eu NÃÃÃO SEEEEI de onde vem, heheheh.
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16.6.08

Peso pena

Só pra dizer que hoje tô me sentindo muito mais leve. Tô parecendo uma pena de beija-flor. Mesmo com monografia me infernizando e eu sem qualquer criatividade.

É tão bom ser pena de beija-flor!

15.6.08

Amélie e Grushenka

Eu tenho gastrite nervosa. Quando meu querido estrombo queima, boa coisa não está acontecendo comigo.

Pedi uma semana de arrego no meu estágio pra me dedicar à monografia. Percebi que não é simples assim. As palavras ficam presas e há uma autopressão que me empaca. Mas pelo menos achei a causa do fogo em minha barriga.

Não. Antes fosse.

Ontem (re)vi Le fabuleux destin d'Amélie Poulain. Se antes eu achava o filme fofo, inocente, com uma fotografia e um roteiro maravilhosos, ontem ele me fez chorar. Expulsar todas as lágrimas. Praticamente me matou.

A culpa é da cena final (se você ainda não viu o filme, esqueça esse post).



Por que diabos uma coisa tão simples como andar de moto com o boff me deixou tão derrubada, se há outras cenas mais fortes no filme?

Porque não consigo mais agüentar, internet tem sido pouco pra mim. Aquelas 32 horas foram a cena mais bonita do meu filme, mas foram apenas 32 horas. Saudade eu tenho das coisas comuns que todos os outros fazem, como sair juntos, andar de bicicleta juntos, ir ao cinema, fazer carinho, falar besteira, ir pra cama... Assim como a cena final de Amélie, o Atlântico também está me matando, enquanto faço tudo pra não me afogar.

Eu já tinha sido morta antes, assassinada com requintes de frieza e crueldade. Mas ressuscitei como fazem os fortes e fui agraciada, apesar de ter ficado uma cicatriz da facada em meu coração de estátua. Vez ou outra, a cicatriz lateja, como faz meu estômago agora, desesperado pra vomitar algo muito fétido que se apossou das minhas entranhas.

Posso dizer que me transformei na Grushenka, de Irmãos Karamazovi (melhor livro do Dostoievski). Depois de algumas porradas e um coração falecido, ela encontrou o Dmitri, pra depois ter que se afastar. Injusto o destino, parece que a paz de espírito e o amor estão sempre te provando, testando teus limites, pra saber se você é merecedora das coisas normais que todos os outros fazem.

Eu só sei que cansei da gastrite e quero uma vida normal, sem mágoas, sem lembranças da morte anterior e com todos os passeios de moto a que tenho (temos!) direito.
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Quando tocarei em você de novo, Dmitri?

12.6.08

E eu...

... que pensava que só os fracos não se formam.

Tô comendo minha língua frita com óleo de boldo agora.

11.6.08

Falando das flores

Flores? O blog é de maçã, louca!

Tá, vocês compreenderam, são bons entendedores e meia referência basta. Eu ainda não falei do blog, fiz dois posts pseudo-reflexivos e nada de explicar o porquê de mais um blog.

Antes de tudo, o nome. Bloody Mari. Mari Sangrenta, literalmente. Pó parar com todos os pensamentos e associações à menstruação, ao vampirismo e à sanguinarice. Nadaver! Bloody Mari é apenas um trocadalho do carilho do meu short name com Bloody Mary, que pode ser desde uma bebida feita com vodka e suco de tomate (hummm!), até uma rainha (Mary I of England, essa sim uma sanguinária). Pronto, simplesmente ADORAY a idéia de ser bebida e rainha em uma só e peguei o Bloody Mary pra mim. Só que o meu seria meu, exclusivo, Bloody Mari.

Além disso a palavra "bloody" me lembra muito a saudosa Londres, já que os ingleses falam isso toda hora! Pra uma metida pseudo-londoner como eu, nada melhor pra esnobar e posar de bacana.

Utilidade de mais um blog pra entulhar o ciberespaço com confissões de mais uma mulherzinha? Quando a rotina te estrangula, é preciso encontrar algo que incomode a mesmice, pelo menos um pouco. Algumas pessoas jogam futebol, outras fazem coisas mais úteis como ler ou desenhar, e outras falam mal do vizinho ou do aquecimento global. Eu escrevo. Ou pelo menos tento. É muita palavra pra ficar superlotada na minha cabecinha.

7.6.08

Une année avec lumière

Não viu As Virgen Suicidas, não leia.
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Vez ou outra eu penso no fim trágico das cinco irmãs Lisbon, especialmente da Lux, femme fatale do clã. As razões para as mortes por overdose, enforcamento, intoxicação com gás de fogão e com monóxido de carbono saído do carro vão desde tristeza com a prisão imposta pelos pais até inspiração pelo suicídio anterior da irmã mais nova. No caso da Lux, tenho certeza, a GRANDE razão tem nome, sobrenome, carro esporte e se chama Trip Fontaine.

Não ligo se vou soar óbvia, mas ser abandonada em um campo de futebol logo após perder a virgindade é um tiro na alma de qualquer mulher com orgulho suficiente para não admitir ser usada. E Lux, no alto de seus 14 anos, surtou. Não suportou a dura realidade de ter sido apenas um cabacinho para tornar mais macho o ego de um filho da puta. Tudo bem, ela era muito nova para se aventurar em certos terrenos, mas afirmo que seria igual se tivesse 21. A morte, anunciada pela loucura repressora dos pais, foi só questão de tempo.

Temos, então, o filme (que eu, particularmente, adoro), o torpe fim de uma história que poderia acabar em superação, cabeça erguida e um vai tomar no cu, Trip. Mas o filme é preciso e sem isso não haveria carga dramática.


Se Jeffrey Eugenides e/ou Sofia Coppola eu fosse, tudo seria diferente.

Sim, eu juro que vejo Lux Lisbon, mais bela e ofuscante do que nunca e já livre da dominação dos pais, adentrando um outro baile ou festa da cidade. O ar de naughty virgin que lotava as fantasias dos meninos da vizinhança é coisa do baile passado, quem está ali agora é uma recém-mulher irresistível pela (in)experiência. Sim, só dá ela. Arrasa.

Eis que olhos azuis por trás de uma tímida expressão de cavalheiro adolescente são fisgados pelo irresistível. E eles dançam juntos entre a atração e a inveja que os perfuram. Ele é o primeiro a realmente amar (e a ser amado).
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História clichê e com fim óbvio (especialmente a coisa do "realmente amar e ser amado"), mas quem disse que o tal "viveram felizes até o infinito enquanto durou" não pode render uma bela e poética história?

6.6.08

What will my verse be?


É uma pergunta que sempre me faço. Se devo contribuir com um verso, qual será? Continuo sem resposta e tio Walt Withman está mais que certo ao afirmar que esse tal jogo poderoso continua. Mas, ainda, devo contribuir com um verso.

Serei capaz? Ou deixarei este novo blog definhar como o que me acompanhou nos últimos 4 anos?

Uma nova fase (ui) começou em minha vida e, para ela, preciso de novas palavras, mas não necessariamente de novos leitores. Se quiser chegar, a noite é uma criança agitada e a casa bagunçada é que nem coração de mãe solteira. Só não exijam atenção demais, eu sou uma só.
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A quem interessar possa:

O Me! O Life!


O ME! O life!... of the questions of these recurring;
Of the endless trains of the faithless--of cities fill'd with the
foolish;
Of myself forever reproaching myself, (for who more foolish than I,
and who more faithless?)
Of eyes that vainly crave the light--of the objects mean--of the
struggle ever renew'd;
Of the poor results of all--of the plodding and sordid crowds I see
around me;
Of the empty and useless years of the rest--with the rest me
intertwined;
The question, O me! so sad, recurring--What good amid these, O me, O
life?

Answer.

That you are here--that life exists, and identity;
That the powerful play goes on, and you will contribute a verse.

Walt Whitman